Saturday, June 2, 2007

Biografia de Miguel Torga


Miguel Torga

Este é o pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, autor de uma produção literária vasta e variada, largamente reconhecida.
Miguel Torga nasceu em S. Martinho de Anta em 1907.
Depois de ter trabalhado no Brasil, entre os 13 e os 18 anos (experiência que viria a ser referenciada na série de romances de inspiração autobiográfica Criação do Mundo), entrou no curso de Medicina, na Universidade de Coimbra. Este tornou-se o seu local de eleição, onde passou a viver e onde acabou por falecer, em 1995.
Durante os estudos universitários, em Coimbra, travou conhecimento com o grupo de escritores que viriam a fundar a Presença, chegando a publicar, nas edições da revista, o seu segundo volume de poesia, Rampa. Em 1930, depois de assinar, com Edmundo de Bettencourt e Branquinho da Fonseca, uma carta de dissensão enviada à direcção da publicação coimbrã, co-funda as efémeras revistas Sinal e Manifesto. Não obstante a passagem pelo grupo “presencista”, Miguel Torga assumirá, ao longo dos cerca de cinquenta títulos que publicou - frequentemente em edições de autor e à margem de políticas editoriais - uma postura de independência relativamente a qualquer movimento literário. Os seus textos poéticos, numa primeira fase, abordaram temas bucólicos: a angústia da morte, a revolta, temas sociais como a justiça e a liberdade, o amor, e deixaram transparecer uma aliança íntima e permanente entre o homem e a terra. Destacou-se no domínio da poesia com Orfeu Rebelde, Cântico do Homem, bem como através de muitos poemas dispersos pelos dezasseis volumes do seu Diário. Na prosa, obras como Os Bichos, Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha marcaram, até aos nossos dias, sucessivas gerações de leitores que aí se maravilham com uma fusão entre o homem, o mundo animal e o mundo natural, descrita e desenvolvida numa prosa "a um tempo sortílega e enxuta, despegada do efémero, agarrada ao concreto" ( palavras de Mourão-Ferreira, David - Miguel Torga e a Respiração do Mundo). No domínio narrativo, a sua bibliografia contém ainda os seis volumes da ficção de inspiração autobiográfica Criação do Mundo e os dezasseis volumes do Diário. A sua bibliografia conta ainda com algumas páginas de intervenção cívica, como Fogo Preso ou Traço de União, bem como quatro títulos de teatro. Como escritor dramático, publicou três obras intituladas Terra Firme, Mar e O Paraíso.
Miguel Torga foi assim, proposto por duas vezes para Nobel da Literatura (1960 e 1978). A sua obra e a sua personalidade constituíram um referente cultural a nível nacional e internacional, tendo recebido, em vida, os Prémios Montaigne (1981), Camões (1989), Vida Literária (da Associação Portuguesa de Escritores, em 1992), o Prémio de Literatura Écureuil (do Salão do Livro de Bordéus, em 1991) e o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, em 1994.

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